quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Os novos dialectos do Português

Num destes finais de tarde abrasadores, vinha eu no comboio quando, à minha frente, se sentou uma rapariga com cerca de 28-30 anos, bom aspecto e, a avaliar pelas malas que transportava e a indumentária que vestia, ligada, seguramente, ao mundo do trabalho.

Sentou-se, tirou o computador portátil da maleta e ficou entretida nos seus afazeres, durante 10 minutos, até o telemóvel tocar…

- Oi, ‘miga.
- Blá, blá, blá (claro está que não ouvi o outro lado da converseta mas consigo imaginar).
- Iá, ‘tou no quim, a caminho de casa.
- Blá, blá, blá.
- Ó miguita… Curtia bué essa cena mas não sei se dá. Mas deve ser uma cena bué fixe com pessoal do baril.
- Blá, blá, blá.
- Na boa, miguita, tá-se bem.
- Blá, blá.
- Iá.
- Blá, blá, blá.
- Iá.
- Blá, blá.
- Também não sei, miguita. Eu sei que são os teus anos e deve ser um jantar bacano, mas já sabes como são os domingos.
- Blá, blá, blá.
- Iá, se o meu gajo se cortar não dá para ir curtir a tua cena.
- Blá, blá, blá.
- Na boa, miga. Tá-se bem. Vais logo ao Messenger?
- Blá, blá.
- Iá, tá-se bem. ‘Jinhos fofos, miga.

1 comentário:

Anónimo disse...

É para isto que caminhamos? É triste!...