segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Uma vida própria

Esta coisa do aborto tem, obviamente, muito que se lhe diga e os argumentos, contra e a favor, são mais que muitos.

Há um que, considero, se sobrepõe a todos; à décima semana (o tempo defendido por aqueles que lutam a favor da despenalização) o feto ou, se quiserem, aquela coisa que por ali anda, é parte integrante da mãe, furúnculo ou víscera (como já li algures), ou trata-se dum ser com vida própria?

Comentei, num post publicado no Blogue do Não, que jamais esquecerei o dia em que a minha mulher fez a primeira ecografia e o quanto me impressionou o barulho do coração da cria que, na altura, não devia ser maior que um minúsculo feijão.

Às nove semanas e um dia de gestação (de acordo com o relatório emitido), aquele barulho, que mais se assemelhava ao ronco do motor duma Harley Davidson, indicou, sem margem para dúvidas, a existência duma VIDA própria.

No lado direito da imagem, o ritmo cardíaco da cria. Do lado direito, o minusculo ser que já assumia, na altura, formas de embrião.

Ao ver as imagens, que se sucediam no monitor ligado àquele “aparelhometro”, senti-me, verdadeiramente e pela primeira vez, pai, e o olhar da minha mulher dizia tudo em relação aos seus sentimentos de mãe.

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